Solução que vem do sol
Texto: Débora Rubin, de São Paulo |11 de junho de 2012
A vitamina D, que precisa dos raios solares para ser sintetizada no corpo, é a base de uma alternativa revolucionária para tratar doenças autoimunes
Há exatos dois anos, Daniel Cunha, um jornalista de São Paulo, ficou frente a frente com uma proposta que mudaria sua vida. Poucos meses antes, havia descoberto que tinha esclerose múltipla (EM), doença degenerativa e autoimune que se revela aos poucos, por meio de surtos neurológicos, como crises de labirintite e sensação de dormência. Durante seis meses, fez o tratamento convencional sugerido a todo portador de EM: injeções de iterferons, com direito a efeitos colaterais como enjoos e uma certa depressão. “Estava bem de saúde, não tinha sintomas da doença, mas os efeitos colaterais do remédio tiveram o efeito de uma nova doença”, lembra.
Um dia a mãe de Daniel assistiu a uma entrevista com o médico Cícero Galli Coimbra, do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e marcou uma consulta para o filho. Coimbra é um dos maiores estudiosos sobre os efeitos da vitamina D no tratamento de diversas doenças autoimunes e propõe aos pacientes um tratamento alternativo, feito exclusivamente com doses diárias da vitamina. O resultado revolucionou a vida do jovem de tal forma que ele decidiu compartilhar sua experiência – e a de outros portadores de esclerose – em um vídeo de 30 minutos, postado há pouco mais de um mês no Youtube, que já foi visto por quase 28 mil pessoas (Assista aqui).
O vídeo ajudou a encher ainda mais a agenda já lotada do doutor, que iniciou sua jornada nos estudos sobre a vitamina D em 2003. Seu desejo é o de que o tratamento seja adotado por outros colegas de profissão. “Se você pesquisar no Google, vai achar milhões de artigos, notícias e estudos sobre esse tratamento”, diz o médico. “O problema é que ele ainda não chegou aos consultórios”. Uma das razões para isso é a descrença de quem é portador de uma doença séria e teme adotar uma medicação alternativa. O próprio Daniel passou alguns meses recorrendo aos dois tratamentos ao mesmo tempo até ter certeza de que queria fazer a troca. A outra razão é a pressão da indústria farmacêutica sobre os neurologistas que tratam portadores de esclerose e outras doenças.
Segundo o médico, cerca de 70% dos portadores de esclerose múltipla apresentam níveis muito baixos de vitamina D e, muito provavelmente por isso, apresentam mais surtos neurológicos. “O simples fato de isso ocorrer já deveria levar qualquer profissional a administrar a substância”, defende Coimbra, que aconselha a todos pelo menos 10 minutos diários de banho de sol para ajudar a obter a vitamina. Para quem a utiliza como tratamento, entretanto, é fundamental que um médico avalie a dosagem necessária. Do contrário, pode haver problemas decorrentes do excesso no organismo.
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